BREVE HISTÓRICO:
A Trapiá Cia Teatral nasceu em 2014 em Caicó/RN e é formada por artistas das áreas do teatro, música, dança, circo e artes visuais com longa bagagem artística em seus currículos. A primeira montagem foi P’s (2015) de Gregory Haertel inspirada na obra de Michel Foucault, “Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão. Este espetáculo circulou por 25 cidades brasileiras de todas as regiões em 2018 através do Palco Giratório do SESC Brasil. A segunda montagem foi Chico Jararaca (2018) de Francisco Félix, também inspirada em texto não teatral: “Nunca matei ninguém!” de Carlos Lyra.
Em 2019 foram iniciadas duas novas montagens. A primeira, a montagem do espetáculo “Menino Pássaro” de Afonso Nilson, livremente inspirado em cordel de Edcarlos Medeiros. Esta foi a primeira experiência do coletivo em relação a montagem de espetáculo para crianças. O segundo trabalho foi “Condenadxs” de Lourival Andrade, inspirado na peça “Esta propriedade está condenada” de Tennessee Williams. Esta montagem foi produzida com financiamento da Fundação José Augusto através do Edital de Fomento à Cultura Potiguar 2019. As estreias foram adiadas por conta da pandemia.
Em 2020, em plena pandemia, nasceram os espetáculos “1877” e “As pelejas de Baltazar” que foram apresentados de forma remota em leituras dramatizadas com recursos da Lei Aldir Blanc da Fundação José Augusto/Governo Federal.
Em 2022 estreamos três espetáculos de forma presencial. No primeiro semestre “Menino Pássaro” e “Condenadxs”. No segundo semestre “As pelejas de Baltazar” de Emanuel Bonequeiro.
No ano de 2023 mais um espetáculo nasceu – 1877 de Lourival Andrade – que estreou no Teatro Alberto Maranhão em Natal/RN.
A Trapiá Cia Teatral já realizou com seus espetáculos 229 apresentações em 69 cidades de 16 estados e Distrito Federal. Recebeu 22 prêmios e indicações em festivais de teatro e atingiu um público aproximado de 19 mil pessoas.
DESCRIÇÃO DA PESQUISA:
Desde sua criação a Trapiá Cia Teatral tem se debruçado em entender os sertões, com maior verticalidade no sertão nordestino, tanto o profundo quanto o conectado e com suas estéticas no contemporâneo.O sertão é múltiplo, conectado e dinâmico, muito diferente do que é descrito pelos conservadores, tradicionalistas e folcloristas. Viver no sertão é resistência e teimosia. O sertão impõe uma experiência vivencial entre o homem e a natureza, entre o velho e o novo, entre as beiradas e o profundo, entre o excesso e a falta. Tudo isso sem estabelecer dicotomias estéreis, mas sim relações de ir e vir, de constante fluxo de olhares e percepções de mundo.
A natureza ensina, por isso aprendemos com a Trapiá, árvore que dá nome ao nosso coletivo. Trapiá é uma árvore frondosa do sertão nordestino que resiste as mais terríveis secas, porque aprendeu a conviver com ela e desenvolveu a capacidade de economizar e usar a água com parcimônia, por isso se mantém verde durante longos períodos de estiagem. Ela faz o sertão renascer, sobretudo quando usada para reflorestar áreas degradadas na caatinga nordestina.
Carregamos um pouco de cada um dos componentes do coletivo e suas experiências neste sertão vivido. As montagens refletem isso.Para que esta estética e linguagem cênica aflore, trabalhamos em várias frentes que se conectam.O corpo dos atores e atrizes são intensamente provocados para criarem novas ou diferentes corporeidades, destes sujeitos/personagens que transitam na caatinga, que são tocados pelo sol inclemente, pelos sons sertanejos, pelos labores, pelas lutas e por uma história que é impregnada de significados. O corpo dos atores e atrizes são provocados a criar.
Outra frente de nossas pesquisas é sobre a dramaturgia. As nossas sete montagens tiveram seus textos inspirados em obras de cronistas, cientistas, jornalistas, cordelistas e memorialistas, além de utilizarmos a metodologia da História Oral para a construção de nossos repertórios. Convidamos dramaturgos para realizarem a transposição destas obras não teatrais para um texto teatralizável. Neste convite também fica determinado o que consideramos muito importante em nossa trajetória, o trabalho colaborativo. Mesmo que cada membro tenha sua função definida, nada impede de trocas, que normalmente são intensas.
No mesmo caminho da dramaturgia, temos pesquisado a aplicabilidade do conceito defendido por R. Murray Schafer sobre as “paisagens sonoras”. O coletivo contribui para a descoberta de sons que consolidem a teatralidade da montagem e que dão um colorido ao texto. Os atores e atrizes, juntamente com o restante do grupo pesquisam em executam estas sonoridades.